"A literatura tem essa magia de nos tornar contemporâneos de quem quisermos." (Inês Pedrosa)

domingo, 29 de abril de 2012

Tenho Pensamentos...

Tenho pensamentos que, se pudesse revelá-los e fazê-los viver, acrescentariam nova luminosidade às estrelas, nova beleza ao mundo e maior amor ao coração dos homens.

- Fernando Pessoa

sábado, 28 de abril de 2012

Sociedade de Consumo

Da mesma maneira que a sociedade da Idade Média se equilibrava em Deus e no Diabo, assim a nossa se equilibra no consumo e na sua denúncia. Em torno do Diabo, era ainda possível organizar heresias e seitas de magia negra. Mas, a magia que temos é branca, e não é possível qualquer heresia na abundancia. É a alvura profiláctica de uma sociedade saturada, de uma sociedade sem vertigem e sem história, sem outro mito além de si mesma.

- Jean Baudrillard
"Sociedade de Consumo"

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Política e Moral

‎Posso pensar sem dúvida, um político moral, isto é, um homem que concebe os princípios da sabedoria do Estado de modo tal que possam coincidir com a moral, mas não consigo pensar um moralista político que forja uma moral compatível com os interesses do estadista.

- Immanuel Kant, 
Da incompatibilidade entre moral e política à paz perpétua

domingo, 22 de abril de 2012

A Verdadeira Liberdade

Leonid Afremov
A melhor sensação não é o desejo, este é sempre falta; não é também a consumação do desejo, este prazer é sempre momentâneo e logo nos desperta para outro desejo. Após cada desejo realizado se apossa de nós o vazio e o tédio, então buscamos prazeres cada vez mais imediatos, porém sem nunca nos satisfazer. Quem assim deseja é incapaz de amar. 

A melhor sensação é o raro sentimento de completude na ausência de desejo. É sentir que, mesmo que  apenas por alguns instantes, nada nos falta, que já possuímos o essencial e indispensável. Quem, mesmo que apenas uma única vez, experimentou este sentimento, certamente descobriu que o essencial não é possuir o novo, mas desejar continuamente o que já está ao alcance sem adiar a felicidade. Talvez não devesse chamar de desejo, mas sim de amor. Nunca estar satisfeito é desprezar continuamente nossas próprias conquistas. Somente quando estivermos libertos dos desejos supérfluos é que poderemos experimentar a verdadeira sensação de amor, liberdade e sabedoria. 

(Alan Teixeira)

sexta-feira, 20 de abril de 2012

O Aniquilamento

Acredito que ao morrer apodrecerei e nada do meu eu sobreviverá. Não sou jovem e amo a vida. Mas desdenho tremer de terror à ideia do aniquilamento. A felicidade não se torna menos verdadeira por ter que chegar ao fim, e o pensamento e o amor não perdem o seu valor por não durarem para sempre. Muitos homens já se portaram orgulhosamente no cadafalso; certamente o mesmo orgulho deveria nos ensinar a pensar verdadeiramente sobre o posto do homem no mundo. Mesmo se inicialmente as janelas abertas da ciência fazem-nos tremer após o quente aconchego dos mitos antropomórficos tradicionais, no final o ar fresco revigora, e os grandes espaços têm o seu próprio esplendor.


(Bertrand Russell)

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Natureza da Liberdade

Lembra teu Criador enquanto és jovem. Levanta-te despreocupado antes do alvorecer, e vai em busca de aventuras. Que o meio dia te encontre em outros lagos, e que seja lar onde quer que a noite te surpreenda. Não existem campos mais vastos a percorrer nem jogos mais importantes a jogar. Cresce agreste de acordo com a tua natureza, como aqueles juncos e samambaias que nunca se tornarão feno. Que ribombe o trovão; e daí que ele ameace a ruína das lavouras? não é a ti que ele envia seu recado. Abriga-te sob a nuvem, enquanto eles fogem para as carroças e telheiros. Que teu sustento não te seja profissão, e sim esporte. Goza a terra, não sejas o dono dela. É por falta de iniciativa e de fé que estão os homens onde estão, comprando e vendendo, gastando a vida como servos.


(Henry David Thoreau, Walden - 1854)


[Imagem: http://ojardimassombrado.blogspot.com.br/2009/02/no-lago-walden.html]

quarta-feira, 18 de abril de 2012

A Raiz Intocável do Mal


"Há mil homens podando os ramos do mal para apenas um golpeando a raiz, e talvez aquele que dedica mais tempo e mais dinheiro aos necessitados seja quem mais contribui, com seu modo de vida, para gerar aquela miséria que inutilmente tenta aliviar."

(Henry David Thoreau, Walden)

domingo, 15 de abril de 2012

Ética da Responsabilidade Intelectual

Tal como o que se diz "apolítico" já tomou uma posição política extremamente clara, o que se diz "cientista neutro" - figura encontrável em todos os campos da cultura, da ciência, da literatura, da universidade (sem falar naturalmente nas infinitas instâncias burocráticas) - tomou uma posição "científica" extremamente clara: a de fantoche de interesses maiores que se utilizam desta retórica para consecução de seus objetivos nada neutros.

(Ricardo Timm de Souza, "Bases éticas da responsabilidade intelectual")


quarta-feira, 11 de abril de 2012

O que somos?

Nossa história sempre começa antes mesmo de nós existirmos. A partir do momento que somos iniciados historicamente, parece haver apenas um caminho - um processo de familiarização com o mundo a tal ponto que, não necessariamente, nos leva ao final a um processo de total desfamiliarização, um divórcio absurdo com o mundo. O resultado é uma relação entranha com o mundo. Nos perguntamos então, como possível o mundo nos negar de tal forma a não podermos nos reconhecer nele, senão noutro Ser? O que resta-nos senão, buscar redescobrir, isto é, criar, imaginar, um novo sentido mágico que nos faça esquecer o que somos?

(Alan Teixeira)

sábado, 7 de abril de 2012

Um livro para quebrar o gelo

"Acho que só devemos ler a espécie de livros que nos ferem e trespassam. Se o livro que estamos lendo não nos acorda com uma pancada na cabeça, por que o estamos lendo? Porque nos faz felizes, como você escreve? Bom Deus, seríamos felizes precisamente se não tivéssemos livros e a espécie de livros que nos torna felizes é a espécie de livros que escreveríamos se a isso fôssemos obrigados. Mas nós precisamos de livros que nos afetam como um desastre, que nos magoam profundamente, como a morte de alguém a quem amávamos mais do que a nós mesmos, como ser banido para uma floresta longe de todos. Um livro tem que ser como um machado para quebrar o mar de gelo que há dentro de nós. É nisso que eu creio."

(Franz Kafka)

domingo, 1 de abril de 2012

Espelho Humano

Sempre nos orientamos no mundo com base naquilo que pensamos que somos e naquilo que os outros pensam que somos, construindo a partir desta dicotomia nossa identidade. Acontece naturalmente de buscarmos aqueles que afirmam nossa identidade e evitamos aqueles que a negam. Os primeiros mostram o que há de melhor em nós, como somos bons seres humanos. Adoramos a companhia destes. 

Como todo bom homo sapiens socialis,  representamos papeis que nos tornam socialmente aceitáveis perante a moral vigente encobrindo nossas motivações e  fraquezas a tal ponto que nos "tornamos" aquilo que representamos. Porém chega o dia em que encontramos o espelho humano que nos remete a nós mesmos, nos mostrando nús e vulneráveis, como se por alguns instantes o autoconhecimento fosse possível. Nossa primeira reação é negar aquele que vemos, afastar tamanha monstruosidade de nós com violencia. Mas se agirmos com sabedoria, podemos questionarmos a nós mesmos de tal maneira que nos destruiremos e, somente assim, poderemos a partir das cinzas resurgir mais vigorosos e integros como o mito da Fenix. 

(Alan Teixeira)
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