Sempre nos orientamos no mundo com base naquilo que pensamos que somos e naquilo que os outros pensam que somos, construindo a partir desta dicotomia nossa identidade. Acontece naturalmente de buscarmos aqueles que afirmam nossa identidade e evitamos aqueles que a negam. Os primeiros mostram o que há de melhor em nós, como somos bons seres humanos. Adoramos a companhia destes.
Como todo bom homo sapiens socialis, representamos papeis que nos tornam socialmente aceitáveis perante a moral vigente encobrindo nossas motivações e fraquezas a tal ponto que nos "tornamos" aquilo que representamos. Porém chega o dia em que encontramos o espelho humano que nos remete a nós mesmos, nos mostrando nús e vulneráveis, como se por alguns instantes o autoconhecimento fosse possível. Nossa primeira reação é negar aquele que vemos, afastar tamanha monstruosidade de nós com violencia. Mas se agirmos com sabedoria, podemos questionarmos a nós mesmos de tal maneira que nos destruiremos e, somente assim, poderemos a partir das cinzas resurgir mais vigorosos e integros como o mito da Fenix.
(Alan Teixeira)