"A literatura tem essa magia de nos tornar contemporâneos de quem quisermos." (Inês Pedrosa)

sábado, 21 de dezembro de 2013

Tempos de Grande Perigo

“São os tempos de grande perigo em que aparecem os filósofos. Então, quando a roda rola com sempre mais rapidez, eles e a arte tomam o lugar dos mitos em extinção. Mas projetam-se muito à frente, pois só muito devagar a atenção dos contemporâneos para eles se volta”.

Friedrich Nietzsche
in Vontade de Poder


sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

O Pretenso Isolamento: Razão x Emoção

“Saídos de um época transacta da representação, estamos ainda habituados a separar a cabeça e o coração e a considerar o pensamento e a sensibilidade, ou seja qual for o nome que a tal diferença se dê, quase como duas entidades independentes e entre si indiferentes; o influxo do ensino no carácter surge então como longínquo ou casual. Mas, na realidade, o espírito humano, que é um só, não alberga em si naturezas tão díspares; em toda a unilateralidade, que nele é possível e que se refere apenas às forças singulares subordinadas, mais distantes da raiz do seu ser, essas diferenças profundas, que se reúnem imediatamente no seu íntimo, não se podem desagregar nesse pretenso isolamento.”

Georg W. F. Hegel,
14 de Setembro de 1810

domingo, 15 de dezembro de 2013

Novos Fundamentos

Fatima Seehagen
O "movimento" próprio das ciências se desenrola através da revisão mais ou menos radical e, para elas próprias, não transparente dos conceitos fundamentais. O nível de uma ciência determina-se pela sua capacidade de sofrer uma crise em seus conceitos fundamentais. Nessas crises imanentes da ciência, vacila e se vê abalado o relacionamento das investigações positivas com as próprias coisas questionadas. Hoje em dia, surgem tendências em quase todas as disciplinas no sentido de colocar as pesquisas em novos fundamentos. 

Martin Heidegger, 
Ser e Tempo

sábado, 14 de dezembro de 2013

Ética e Felicidade

"Esta investigação diz respeito ao que há de mais importante: viver para o bem, ou viver para o mal." Sócrates, ao dialogar assim com Glauco sobre as razões do infortúnio dos tiranos, não poderia dizer melhor. Com efeito, o que pode existir de mais valioso na vida, quer dos indivíduos, quer dos povos, senão alcançar a felicidade? Pois é disto exatamente que se trata quando falamos em ética. Podemos errar de caminho na nossa vida, e nos embrenharmos perdidamente, como Dante, na selva da escuridão. Jamais nos enganaremos, porém, quanto à escolha do nosso destino: nunca se ouviu falar de alguém que tivesse a infelicidade por propósito ou programa de vida. 

Fábio Konder Comparato, 
Ética

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

A Vida e o Saber


Leonid Afremov
O mero filósofo é geralmente uma personalidade pouco admissível no mundo, pois supõe-se que ele em nada contribui para o benefício ou para o prazer da sociedade, porquanto vive distante de toda comunicação com os homens e envolto em princípios e noções igualmente distantes de sua compreensão. Por outro lado, o mero ignorante é ainda mais desprezado, pois não há sinal mais seguro de um espírito grosseiro, numa época e uma nação em que as ciências florescem, do que permanecer inteiramente destituído de toda espécie de gosto por estes nobres entretenimentos. Supõe-se que o caráter mais perfeito se encontra entre estes dois extremos: conserva igual capacidade e gosto para os livros, para a sociedade e para os negócios; mantém na conversação discernimento e delicadeza que nascem da cultura literária; nos negócios, a probidade e a exatidão que resultam naturalmente de uma filosofia conveniente. Para difundir e cultivar um caráter tão aperfeiçoado, nada pode ser mais útil do que as composições de estilo e modalidade fáceis, que não se afastam em demasia da vida, que não requerem, para ser compreendidas, profunda aplicação ou retraimento e que devolvem o estudante para o meio de homens plenos de nobres sentimentos e de sábios preceitos, aplicáveis em qualquer situação da vida humana. Por meio de tais composições, a virtude toma-se amável, a ciência agradável, a companhia instrutiva e a solidão um divertimento.

David Hume, 
Investigações Acerca do Entendimento Humano

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Esclarecimento

Esclarecimento é a saída do homem de sua menoridade, da qual ele próprio é culpado. A menoridade é a incapacidade de fazer uso de seu entendimento sem a direção de outro indivíduo. O homem é o próprio culpado desta menoridade se a causa dela não se encontra na falta de entendimento, mas na falta de decisão e coragem de servir-se de si mesmo sem a direção de outrem. Sapere aude! Tem coragem de fazer uso de teu próprio entendimento, tal é o lema do esclarecimento. 

Immanuel Kant
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