"A literatura tem essa magia de nos tornar contemporâneos de quem quisermos." (Inês Pedrosa)

sábado, 23 de julho de 2011

Multi-humanidade

Edvard Munch

Nenhum povo poderia viver sem avaliar; mas, para se conservar, não deve avaliar como o seu vizinho. Muitas coisas que um povo chamava boas eram para outros vergonhosas e desprezíveis; foi o que vi. Muitas coisas, aqui qualificadas de más, em outro lugar as enfeitavam com o manto de púrpura das honrarias. Nunca um vizinho compreendeu o outro; sempre a sua alma se assombrou da loucura e da maldade do vizinho. Sobre cada povo está suspensa uma tábua de bens. E vede: é a tabua dos triunfos dos seus esforços; é a voz da sua vontade de potência. (...)
A verdade é que os homens deram a si mesmos todo o seu bem e todo o seu mal. A verdade é que não o tomaram, que o não encontraram, que não lhes caiu como uma voz do céu. O homem é que pôs valores nas coisas com a intenção de conservar; foi ele que deu um sentido às coisas, um sentido humano. Por isso se chama 'homem', isto é, o que avalia. (...)

Muitos países e muitos povos viu Zaratustra. Não encontrou poder maior na terra que a obra dos amantes; 'bem' e 'mal' é o seu nome.

Até o momento tem havido mil objetos, porque tem havido mil povos. Só falta a cadeia das mil cervizes: falta o único objeto. A humanidade não tem objeto. Mas dizei-me, irmãos: se falta objeto à humanidade, não é porque ela mesma ainda não existe?

(Friedrich Nietzsche in 'Assim Falou Zaratustra')

7 comentários:

William Garibaldi disse...

Oi Alan, eu não pude deixar de dar eu pitaco aqui...

Eu entendo e compreendo esta visão...
mas é uma visão a patir do homem... e não do ambiente para o homem... devemos levar em conta a meu ver o intelecto e as características de cada ser... um padrão de valores como se idealiza, não é algo possível, o máximo é uma certa concordância... tbm quero dizer aqui, que esta acaba por ser uma visão egísta.. já que o homem nomeador do mundo o cria... mas que ilusão ele cria?... o mundo existia antes dele. mas isto não o torna desimportante.. e sim parte deste mundo vasto e misterioso... Acredito na recieta do faça ao próximo aquilo que gostaria que fi'zessem a você... é chamada de Regra de Ouro, e existe em textos da maioria das religiões que possuem textos... entende?...

Eu prefiro chamar o Homem de Ser... ou seja aquele que é... que vive.. sem nomear, como os Maias ensinavam.. lendo a vida sem olhos embaçados pelo vício de nomear e classificar a situação, a coisa, o objeto!
Apenas funcional..
aqui eu apelo para o conhecimento, saber do coração.. o instinto que o homem vive queredo negar.. não de sobrevivência, mas de amar!

Gosto de humanidade... pois ele nos eleva a um sentido supremo... Humano Total... integrado com o meio onde vive, e com seu circulo...

Eu não fumei nada, é que este assunto me inspira! rrsrs

Bom dia amigo!

William Garibaldi disse...

Agora vou voltar pra aulinha de digitação! KKKK que to lerdo nos teclados!...
:)))))

Alan Tykhé disse...

William, fique sempre a vontade para criticar a mim e aos textos que posto, afinal minha intenção é inspirar reflexões, concordando ou não com eles, isso não importa, o que importa é incitar o pensamento.

Eu concordo que esta seja uma visão do homem para o homem, porém não penso que exista outra. Porém este autor, no conjunto de sua obra, não defende a imposição de um único valor, mas sim uma transmutação de valores que valorize mais o homem, a natureza, o mundo que no fundo respeite a vida.

Essa visão do faça ao outro o que gostaria que fizeste a ti é muito criticado por ele, pois ela dá margem a equívocos, Hitler acreditava que fazia um bem a humanidade, religiosos fundamentais acreditam estarem fazendo o bem porque essa é a vontade do seu deus. E quando culturas são diferentes, é um equívoco usar minhas medidas para os seus pesos.

Pra mim o marcante desse trecho que citei não é uma aspiração ideológica, nos vários livros dele que li não encontro isso, mas sim uma constatação da diversidade e da nulidade das teorias morais que, no fundo, são apenas deliberações arbitrárias de uma ou outro cultura que, fundo outro vez, não servem para a humanidade de maneira geral, por isso é preciso do estabelecimento de um valor compartilhado por todos, somente assim haverá humanidade.

Forte abraço

William Garibaldi disse...

Eu curto muito este livro... e li tua resposta ao comentário Alan... em minha visào este é um livro genial e seu escritor um genio respeitavel...
Vc falou de um certo personagem histórico que achava estar fazedo o bem e estava fazendo o mal.. eu te compreendo, este é o gancho entende... eu não estou confuso quanto a minha conduta... quem está ou quer se confundir fique também a vontade... mas pense comigo... nós que não estmos confusos, nem evngelizando outrens! rsrrs Nós que pensamos... somos livres pra pensar... eu acredito nisso, nesta liberdade...
por isto te provoco agora.. acaso o que é um ponto de vita entào?... um animal não tem um ponto de vista?... porque ele nào usa a mesma linguagem que nós... não quer dizer que nào tenha a sua particular... ou que não pense... e se nosso cerebro for apenas um conjunto de reações a substâncias que ele mesmo produz... nãosomos racionais?... ou estamos mais no nível do bicho... então... não existe mundo fora a nossa visào humana?... rsrsrs
Isso aqui ta parcendo conversa de nerd! Que tal falarmos de mulatas?...
KKK

Vleu meu camarada, por conversar comigo essas coisas filosóficas, as pessoas geralmente não gostam de pensarem juntas!

Abraço..
eu vou responder ao desafio hoje se a minha net ajudar! rsrss

Alan Tykhé disse...

Também considero um livro genial, é o meu favorito aliás.

Você me alertou para um fato considerável, o fato de considerarmos a relatividade das teorias morais como não sendo generalizá-veis não nos impedi de manter uma postura, digamos, ética, que respeite a diversidade, as diferenças, afinal somente reconhecendo que elas existem é que podemos caminhar para o caminho da justiça.

e se nosso cerebro for apenas um conjunto de reações a substâncias que ele mesmo produz... nãosomos racionais?... ou estamos mais no nível do bicho... então... não existe mundo fora a nossa visào humana?

Nosso cérebro interpreta a realidade conforme ela é captada pelos nossos sentidos e, penso eu, discordando de Kant, que não existe realidade em si, “coisa em si”, mas que a realidade se apresenta em níveis conforme os órgãos dos sentidos do ser vivo, que por sua vez, se desenvolveram de acordo a realidade na totalidade. (preciso desenvolver melhor essa idéia). Quanto a nossa química cerebral, penso que sim, que temos pontos de vistas, que criamos e interpretamos conscientemente e inconsciente conforme for necessário ao ser biológico e ao ser espiritual/existencial. Cientificamente e até filosoficamente, almejamos a verdade, a compreensão, a origem de tudo, mas não podemos com isso arbitrar como o homem deve ser, agir ou pensar, eis uma questão delicada. Suprimindo o lado espiritual do homem, este se torna um saco vazio.

Ah, adoro conversas de nerd, rs, filosofar, pensar pra mim é uma diversão. Pena que esta plataforma não seja muito acolhedora. rs

Abraço

William Garibaldi disse...

Alan, eu tbm adoro conversa de genio, quero dizer nerd! :)

E eu vou pensar sobre isto hoje...
"órgãos dos sentidos do ser vivo"!
Concordo com vc em sua discordância a Kant! rsrsrs

Eu vou salvar esta nossa conversa! isso dá um post! Tbm estou reunindo minhas alucinações sem alucinógenos para repensá-las... reve-las...
e criar uma nova visão de mim e do mundo e mais consciênte! Isso me ajudou.
Verdade, a plataforma nãoé muito acolhedora... mas tá rendendo! @.@!
Vc me ajuda sempre a por o cérebro pra malhar meu brodhi!


Ah respondi ao Desafio literário tá la no Versos de Fogo. Passa lá pra ler!

Continuemos esta frutifera conversa!

Alan Tykhé disse...

Está sendo uma conversa das boas, o assunto é bem complexo, exige queimar muitos neurônios, rs, mas vamos ver no que dá, que sabe não nos superamos. rs

Acabei de comentar o desafio, muito bom e que continuemos.

Abraço

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