Sempre nos orientamos no mundo com base naquilo que pensamos que somos e naquilo que os outros pensam que somos, construindo a partir desta dicotomia nossa identidade. Acontece naturalmente de buscarmos aqueles que afirmam nossa identidade e evitamos aqueles que a negam. Os primeiros mostram o que há de melhor em nós, como somos bons seres humanos. Adoramos a companhia destes.
Como todo bom homo sapiens socialis, representamos papeis que nos tornam socialmente aceitáveis perante a moral vigente encobrindo nossas motivações e fraquezas a tal ponto que nos "tornamos" aquilo que representamos. Porém chega o dia em que encontramos o espelho humano que nos remete a nós mesmos, nos mostrando nús e vulneráveis, como se por alguns instantes o autoconhecimento fosse possível. Nossa primeira reação é negar aquele que vemos, afastar tamanha monstruosidade de nós com violencia. Mas se agirmos com sabedoria, podemos questionarmos a nós mesmos de tal maneira que nos destruiremos e, somente assim, poderemos a partir das cinzas resurgir mais vigorosos e integros como o mito da Fenix.
(Alan Teixeira)
Um comentário:
"Espelho, amigo verdadeiro". Lendo seu texto - muito bom, por sinal - pensei em algo prosaico, até trivial do quotiadiano: esse comportamento de pedirmos opinião a outros por exemplo, quanto a uma roupa. No fundo estamos sempre esperando a resposta que dê força a já existente em nós.
Tirar essa máscara que envergamos ao longo da vida, não por fraqueza, mas, talvez, por necessidade de aceitação, revela quem de fato somos. E como diria Alvaro de Campos, "conheceram-me logo por quem não era, e não desmenti(...) quando tirei a máscara e me vi ao espelho, tinha envelhecido".
Um bom domingo, meu Caro Filósofo.
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