"A literatura tem essa magia de nos tornar contemporâneos de quem quisermos." (Inês Pedrosa)

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Ensaio sobre a Cegueira

Numa sociedade que já não faz mais sentido algum viver, onde a lei da selva, a caça predatória predomina – nem sei por que ainda a chamam de sociedade – o homem já não é capaz de viver como homem. Uma bela frase de impacto deixa uma cicatriz na consciência humana “Se não podem viver mais como homens, pelo menos que não vivam completamente como animais”.

O “Ego”, o individualismo dita a lei dessa selva de pedras. Os instintos básicos são acionados com prioridade total, instinto natural que preserva a vida. Neste momento o centro do mundo passa a ser o “ego”, as pessoas se transformam em ilhas. No famoso ditado popular "cada um por si e Deus por todos".


Se inicia uma guerra, autoritarismo, disputas de território, disputa por comida, assassinatos, violência, violação dos direitos humanos, e tudo quanto pode haver de mais baixo que um ser humano possa fazer. Vence quem sobrevive, mas quem será capaz de sobreviver sozinho numa terra de cegos?


Uma epidemia de cegueira contagia toda uma cidade, logo todo o país. Só há um ser que ainda pode ver neste inferno que a sociedade se tornou. Sua visão é extraordinária, ultrapassa a matéria, a pele humana. Muito mais do que o antigo ditado popular “Em terra de cego quem tem um olho é rei”, "em terra de cego quem tem um olho tem a responsabilidade de saber bem usa-lo."


Ensaio sobre a cegueira, uma fascinante obra literária de José Saramago – ganhador do Prêmio Nobel 1995. Depois de ler este livro será impossível pensar como antes. Há também o filme desta obra, mas não chega aos pés do livro, como toda obra literária que se transforma em filme.

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