Há coisas que a minha alma, já mortificada não admite: assistir novelas de TV, ouvir música Pop, um filme apenas de corridas de automóvel, uma corrida de automóvel num filme, um livro de páginas ligadas porque, sendo bom, a gente abre sofregamente a dedo: espátulas não há... e quem é que hoje faz questão de virgindades...
E quando minha alma estraçalhada a todo instante pelos telefones fugir desesperada me deixará aqui, ouvindo o que todos ouvem, bebendo o que todos bebem, comendo o que todos comem.
A estes, a falta de alma não incomoda. (Desconfio até que minha pobre alma fora destinada ao habitante de outro mundo).
E ligarei o rádio a todo o volume, gritarei como um possesso nas partidas de futebol, seguirei, irresistivelmente, o desfilar das grandes paradas do Exército.
E apenas sentirei, uma vez que outra, a vaga nostalgia de não sei que mundo perdido...
E quando minha alma estraçalhada a todo instante pelos telefones fugir desesperada me deixará aqui, ouvindo o que todos ouvem, bebendo o que todos bebem, comendo o que todos comem.
A estes, a falta de alma não incomoda. (Desconfio até que minha pobre alma fora destinada ao habitante de outro mundo).
E ligarei o rádio a todo o volume, gritarei como um possesso nas partidas de futebol, seguirei, irresistivelmente, o desfilar das grandes paradas do Exército.
E apenas sentirei, uma vez que outra, a vaga nostalgia de não sei que mundo perdido...
(Mário Quintana)
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