"A literatura tem essa magia de nos tornar contemporâneos de quem quisermos." (Inês Pedrosa)

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Justiça e liberdade


A revolução do século XX separou arbitrariamente, para fins desmesurados de conquista, duas noções inseparáveis. A liberdade absoluta mete a justiça a ridículo. A justiça absoluta nega a liberdade. Para serem fecundas, as duas noções devem descobrir os seus limites uma dentro da outra. Nenhum homem considera livre a sua condição se ela não for ao mesmo tempo justa, nem justa se não for livre. Precisamente, não pode conceber-se a liberdade sem o poder de clarificar o justo e o injusto, de reivindicar todo o ser em nome de uma parcela de ser que se recusa a extinguir-se. Finalmente, tem de haver uma justiça, embora bem diferente, para se restaurar a liberdade, único valor imperecível da história. Os homens só morrem bem quando o fizeram pela liberdade: pois, nessa altura, não acreditavam que morressem por completo. 

(Albert Camus, in "O Mito de Sísifo")

Um comentário:

Richard Mathenhauer disse...

Meu caro amigo,

Mas ainda estamos tão longe da Justiça e da Liberdade! - pelo menos nós, que não estamos acostumados ao pensamento filosófico e contemplamos e concebemos a vida sobre pontos falhos de reflexão.

Com amizade,

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