O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas da roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama o coração.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas da roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama o coração.
(Fernando Pessoa)
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Fernando Pessoa, plural como o universo. A exposição está em cartaz na sala de exposições temporárias do Museu da Língua Portuguesa
De 24 de agosto de 2010 até 30 de janeiro de 2011,
Nos vemos láh...
2 comentários:
Fernando Pessoa & seus Eus.
Adoro-os.
No mínimo que sou de poeta, não significa que finjo minimamente...
Abraços,
A poesia é isso, uma maneira de figir a dor, figir completamente, essa tal dor que deveras sente... somos um tanto fingidores.
Abraços...
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