"A literatura tem essa magia de nos tornar contemporâneos de quem quisermos." (Inês Pedrosa)

domingo, 3 de abril de 2011

Deixo o nada a ninguém!





















Não restará na noite uma estrela.

Não restará a noite.

Morrerei, e comigo a soma

do intolerável universo.

Apagarei as pirâmides, as medalhas,

os continentes e os rostos.

Apagarei a acumulação do passado.

Transformarei em pó a história, em pó o pó.

Estou mirando o último poente.

Ouço o último pássaro.

Deixo o nada a ninguém.




(Jorge Luís Borges)

2 comentários:

Bento Sales disse...

Alan, muito bom poema. Eu não o conhecia. Realmente não nos sobrará nada: somos poeira cósmica.

Até mais!

Alan Tykhé disse...

Comcerteza...

é sempre bom ter sua visita meu caro!

Abraço

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