Edvard Munch |
Há uma ou duas décadas, o vazio que a classe a média principiava a sentir em ampla escala podia ainda ser considerado como "doença dos subúrbios". O quadro mais nítido de uma vida vazia é o do homem suburbano, que se levanta à mesma hora todos os dias, toma o mesmo trem para trabalhar na cidade, executa as mesmas tarefas no escritório, almoça no mesmo restaurante, deixa diariamente a mesma gorjeta para o garçom, volta para no mesmo trem, tem dois-três filhos, cuida de um pequeno jardim, passa duas semanas de férias na praia todo verão, férias que ele não aprecia, vai à igreja no natal e na páscoa, levando assim uma existência rotineira, mecânica, ano após ano, até finalmente aposentar-se aos sessenta e cinco e morrer, pouco depois, do coração, num colapso causado talvez por hostilidade recalcada. Sempre suspeitei porém, que morre mesmo de tédio.
(Rollo May, in "O homem à procura de si mesmo")
Um comentário:
Alan, a maioria da humanidade vive nesta situação. Muitas vezes, é tão alienado que nunca nem se encontra com si.
Até mais!
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