“A única forma de suportar a existência é mergulhar na literatura como numa orgia perpétua” (Gustave Flaubert)
terça-feira, 24 de maio de 2011
Lágrima de Preta
Encontrei uma preta
que estava a chorar,
pedi-lhe uma lágrima
para a analisar.
Recolhi a lágrima
com todo o cuidado
num tubo de ensaio
bem esterilizado.
Olhei-a de um lado,
do outro e de frente:
tinha um ar de gota
muito transparente.
Mandei vir os ácidos,
as bases e os sais,
as drogas usadas
em casos que tais.
Ensaiei a frio,
experimentei ao lume,
de todas as vezes
deu-me o que é costume:
Nem sinais de negro,
nem vestígios de ódio.
Água (quase tudo)
e cloreto de sódio.
(António Gedeão)
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Antônio Gedeão,
Poema e Poesia
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2 comentários:
Alan, muito bom esse poema.
Realmente no fenótipo somos diferentes, mas no genótipo, semelhantes.
Até mais!
É um dos melhores que já li...
Abraço
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