"A literatura tem essa magia de nos tornar contemporâneos de quem quisermos." (Inês Pedrosa)

quarta-feira, 18 de maio de 2011

A Moral segundo Nietzsche

Leonid Afremov
... muitas ações são qualificadas como más e são apenas estúpidas, porque o grau de inteligência que foi decisivo para elas era muito baixo. Melhor ainda, num certo sentido, mesmo hoje, todas as ações são estúpidas, pois o grau mais elevado de inteligência humana, que pode ser alcançado hoje em dia, seria ainda seguramente ultrapassado: e então, ao olhar para trás, todo o nosso comportamento e todos os nossos juízos parecerão tão limitados e considerados como o comportamento e o juízo de tribos selvagens e atrasadas.

Reconhecer tudo isso pode causar uma profunda dor, mas não sem uma consolação: essas são as dores de parto. A borboleta quer romper seu casulo, ela o puxa e o rasga: então a luz desconhecida a cega e inebria, o império da liberdade. É em homens capazes dessa tristeza - quão poucos serão! - que será feita a primeira experiência para ver se a humanidade, de moral como é, se pode transformar em sábia. O sol de um novo evangelho lança seu primeiro raio sobre os mais altos cumes na alma desses indivíduos: lá, as nuvens se acumulam mais espessas que em qualquer outro lugar e, lado a lado, reinam o fulgor mais claro e o crepúsculo mais sombrio. Tudo é necessidade - é o que diz o novo conhecimento: e esse conhecimento é ele próprio necessidade. Tudo é inocência: e o conhecimento é o caminho para chegar a compreensão dessa inocência.

(Friedrich Nietzsche in Humano, Demasiado Humano)

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