"A literatura tem essa magia de nos tornar contemporâneos de quem quisermos." (Inês Pedrosa)

sábado, 13 de março de 2010

O Eu de Pascal

Um homem se põe a janela para ver os passantes; se eu estiver passando posso dizer que ele está ali para me ver? Não: pois ele não pensa em mim em particular.

Mas aquele que ama uma pessoa por sua beleza a ama? Não: pois a varíola, que matará sua beleza sem matar a pessoa fará com que ele não a ame mais.

E se me amam por meu juízo, por minha memória, amam a mim? Não, pois posso perder essas qualidades sem me perder.

Onde está, pois, esse eu, se não se encontra nem em meu corpo nem em minha alma?

E como amar o corpo ou a alma se não por essas qualidades, que não são absolutamente o que faz o eu, já que elas são perecíveis?

Pois amariam a substancia da alma de uma pessoa abstratamente, e algumas qualidades que nela existissem?

Não é possível e seriam injustos. Portanto nunca se ama a pessoa mas somente as qualidades.

Que não se zombe mais, portanto, daqueles que se fazem homenagear por seus cargos e funções, pois só se ama alguém por suas qualidades de empréstimo.

(Pensamentos – Pascal)

2 comentários:

Leonardo Leite disse...

Alan,

Eu que te acompanho nas comunidades do Orkut, fiquei muito satisfeito com a qualidade deste espaço que manténs aqui, bem como o conteúdo que me proporcionou agradáveis leituras.

Abração.
Leo

Alan Tykhé disse...

É uma honra ter a tua visita aqui neste singelo espaço meu caro amigo. Fico feliz que tenha gostado.

Um abraço

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