"A literatura tem essa magia de nos tornar contemporâneos de quem quisermos." (Inês Pedrosa)

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Eros e a Morte

Era uma tarde quente e abafada, e Eros, cansado de brincar e derrubado pelo calor, abrigou-se numa caverna fresca e escura. Era a caverna da própria Morte. Eros, querendo apenas descansar, jogou-se displicentemente ao chão, tão descuidadamente que todas as suas flechas caíram. Quando ele acordou percebeu que elas tinham se misturado com as flechas da Morte, que estavam espalhadas no solo da caverna. Eram tão parecidas que Eros não conseguia distingui-las. No entando, ele sabia quantas flechas tinha consigo e ajuntou a quantia certa. Naturalmente, Eros levou algumas flechas que pertenciam à Morte e deixou algumas das suas. E é assim que vemos, frequêntemente, os corações dos velhos e moribundos, atingidos pelas flechas do Amor, e às vezes, vemos os corações dos jovens capturados pela Morte.

(Esopo, Grécia Antiga, in Meltzer.) 
 
[Imagem: Ben Goossens

Um comentário:

Richard Mathenhauer disse...

Esses gregos!

Eu não conhecia essa versão. Está aí, portanto, porque alguns amam e são felizes enquanto outros se perdem no amor!

Abraços de quem o segue,

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