"A literatura tem essa magia de nos tornar contemporâneos de quem quisermos." (Inês Pedrosa)

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Morrer


















Morrer.
Morrer de corpo e alma.
Completamente.

Morrer sem deixar o triste despojo da carne, a exangue máscara de cera,
Cercada de flores, que apodrecerão – felizes! – num dia,
Banhada de lágrimas
Nascida menos da saudade do que do espanto da morte.

Morrer sem deixar porventura uma alma errante...
A caminho do céu?
Mas que céu pode satisfazer teu sonho de céu?

Morrer sem deixar um sulco, um risco, uma sombra,
A lembrança de uma sombra
Em nenhum coração, em nenhum pensamento,
Em nenhuma epiderme.

Morrer tão completamente
Que um dia ao lerem o teu nome num papel
Perguntem: “Quem foi?...”
Morrer mais completamente ainda
- Sem deixar sequer esse nome.

(Manuel Bandeira)

3 comentários:

Bento Sales disse...

Alan, o céu mais fácil de alcançar é o céu da boca do crocodilo ou do leão.

Ah, já votei no seu blog.

Até mais e boa sorte!

Unknown disse...

"Alan, o céu mais fácil de alcançar é o céu da boca do crocodilo ou do leão."

Rsrs, com certeza, meu caro.

Obrigado pelo voto!

Abraço

Inclusão não tem idade disse...

Olá Alan, vi que você veio nos visitar e já nos segue. Ficamos gratos por sua participação com o nosso projeto no blog!

Obrigada!

(Sou fã de Manuel Bandeira!)

Abraços,
Equipe IINTI

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