que quer sair
mas eu sou demasiado duro para ele,
e digo, fica aí dentro,
não vou deixar
ninguém ver-te.
há um pássaro azul no meu coração
que quer sair
mas eu despejo whisky para cima dele
e inalo fumo de cigarros
e as putas e os empregados de bar
e os funcionários da mercearia
nunca saberão
que ele se encontra
lá dentro.
há um pássaro azul no meu coração
que quer sair
mas eu sou demasiado duro para ele,
e digo, fica escondido,
queres arruinar-me?
queres foder-me o
meu trabalho?
queres arruinar
as minhas vendas de livros
na Europa?
há um pássaro azul no meu coração
que quer sair
mas eu sou demasiado esperto,
só o deixo sair à noite
por vezes
quando todos estão a dormir.
digo-lhe, eu sei que estás aí,
por isso
não estejas triste.
depois,
coloco-o de volta,
mas ele canta um pouco lá dentro,
não o deixei morrer de todo
e dormimos juntos
assim
com o nosso
pacto secreto
e é bom o suficiente
para fazer um homem chorar,
mas eu não choro,
e tu?
(Charles Bukowski)
6 comentários:
Alan, todos temos um pássaro assim dentro de nós, que é o instinto, mas temos a gaiola para predê-lo, que é a razão. Alguns soltam, mas se ferram.
Abraços!
Não, bento, não é este tipo de pássaro que eu tenho, o meu é azul mesmo... aliás, eu duvido que, nós humanos, tenhamos esse pássaro que chamam de instinto.
Abraço
É verdade, cara.
Obrigado por me alertar do absurdo!
Na verdade, faltou-me a palavra certa.
Eu quis dizer, vontade, desejo ou o alter ego.
Abraços!
Alan, voltei para lhe avisar que tenho um selo para você no "folhas soltas".
Abraços!
Olá Alan!
Esse pássaro azul ao qual se refere, parece ser estritamente particular. Me impedindo de comentar em tentativa de decifrá-lo com exatidão. Mas, enfim, somente você saberá o momento certo, se houver, de libertá-lo por completo.
Um abraço!
Alan, meu amigo, eu te indiquei para um desafio literário.
Abraços!
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