"A literatura tem essa magia de nos tornar contemporâneos de quem quisermos." (Inês Pedrosa)

sábado, 8 de maio de 2010

Agora

Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste :
sou poeta.

Irmão das coisas fugidias,
Não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.

Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
– não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.

Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno e asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
– mais nada. 

(Cecília Meireles)

4 comentários:

Tânia Marques disse...

Eu adoooro esse poema da Cecília. Beijos

Alan Tykhé disse...

É meu favorito esse.

Beijos

Richard Mathenhauer disse...

Porém, eu atravesso noites e dias no vento, e sinto tormento (s)!

Gosto deste poema da mulher que tinha o olhar distante.

Lia muito Cecilia quando cabulava aulas de Catecismo e me "escondia" na biblioteca do colégio. Um pecado-santo, sei que estou redimido! rs

Abraços,

Alan Tykhé disse...

Richard

Também já fiz muito isso, foi o tempo mais bem aproveitado, além das aulas de português que eu matava para ler Sherlock Holmes no tempo do colégio. rs

O pecado mora ao lado do paraiso...

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